Primeiros meses na Alemanha
O verão aqui está tão bom, tenho andado tão ocupado apreciando a vida por aqui que acabei esquecendo de cumprir a promessa do último post, de falar sobre os primeiros meses por aqui. Vamos lá, então!
Como (acho que) já falei anteriormente, fizemos um planejamento que facilitasse nossa adaptação ao máximo. Então, de forma a nos prepararmos de forma moderada para um tipo de frio que desconhecíamos, escolhemos vir pra Berlim no início de fevereiro, último mês de inverno por aqui. Nossa ideia era ter algum contato com o inverno, mas também não queríamos um contato tão traumatizante que nos fizesse querer desistir de tudo. E posso dizer que, felizmente, deu tudo certo!
A primeira coisa que aprendemos, logo nos primeiros dias em Berlim, é que precisávamos mudar nossos hábitos no que se refere a nossa relação com o clima. Afinal, cariocas que somos, estávamos acostumados a olhar pela janela, ver o céu azul e já disparar aquele “Partiu praia?!” para os amigos no WhatsApp. Afinal de contas, o que mais você pensaria ao abrir a cortina, olhar pro céu e ver esse azul?
Fala sério, o cara viciado em praia que acabou de chegar do verão olha pra esse céu e já começa a se coçar pra ir pra rua!
Até dar aquela conferida na temperatura lá fora, só por desencargo de consciência…. (traduzindo pra quem ficou confuso com tanto número: nesse dia, as 09:00h da manhã, a temperatura dentro de casa era 23.5 graus, em contraste com zero grau do lado de fora). Aí você se toca que definitivamente não vai rolar aquela praia.
Esses meses foram também bastante interessantes pra mim no sentido de conhecer uma outra forma de lidar com o frio. Afinal, carioca que se preza, quando o termômetro bate 20 graus, se enfia debaixo da coberta e/ou chama os amigos pra tomar um vinho, comer um fondue e curtir o friozinho. Carioca vai no máximo pra casa dos amigos ou pro cinema, carioca que é carioca não vai pra rua com esse tempo, ponto. Mas recém chegado numa cidade nova, se a gente ficasse numa de manter o estilo carioca, duas coisas aconteceriam: um que a gente ia deixar de conhecer essa cidade linda que é Berlim; dois que a gente ia enlouquecer de passar o final de semana inteiro trancado dentro de casa olhando um pra cara do outro. Fazer o quê, então? Vamos pra rua!
E pra mim, particularmente, como garoto júnior criado a leite com pera que eu era, foi interessante observar que todo mundo pensava da mesma forma. Ou seja, ninguém queria ficar trancado em casa o tempo todo por causa do frio. Afinal, a Alemanha não é exatamente o Caribe, logo, se tu for ficar trancado em casa esperando o calor aparecer, é melhor ter uma poltrona confortável e esperar com força. Então, mesmo no frio, o povo vai é pra rua: sempre tem gente correndo pelas ruas, fazendo atividade nos parques, gente passeando nos shoppings, gente nos ônibus… eu achei bem legal observar como é morar numa cidade acostumada a lidar com o frio, foi uma experiência bem diferente pra mim.
Os pontos turísticos, como Checkpoint Charlie, obviamente estão sempre lotados. Mas em lugares menos procurados pelos turistas, como o Tempelhofer Feld, aí em cima, a galera se adapta ao clima e pratica esportes do mesmo jeito. Eu fiquei abismado quando entramos nesse parque pela primeira vez. Ele era um aeroporto e foi posteriormente fechado a aviação e aberto ao público, é um espaço aberto enorme e você vê várias famílias por lá o ano inteiro. Nunca tinha estado num lugar aberto tão grande, é disparado meu parque preferido em Berlim. E a primeira vez que entramos lá, em meados de março, com a temperatura na faixa dos 5 graus (num dia bom), estava cheio de gente praticando kiteboarding (variante do kitesurf, praticado sobre um skate no asfalto ao invés de uma prancha sobre a água). O que faz todo o sentido, haja vista que aqui em Berlim venta um bocado. Ainda não consegui praticar esse esporte, mas espero ansioso pela oportunidade!
Além disso, é muito legal acompanhar as mudanças na paisagem com a passagem do tempo. Ver as primeiras folhinhas verdes e as primeiras flores aparecendo nas árvores secas, a explosão de cores das cerejeiras, e a cidade se transformando em uma massa verde e florida é muito maneiro.
Na boa? Eu podia passar horas falando de como Berlim é bonita e de tudo que tem aqui. Mas isso é tema pra outro post, porque o verão me chama. Até o próximo post!